Zafrica Brasil Zafrica Brasil - Periferia

Periferia !
Uma pá de histórias posso contar daqui
Vinte e seis anos da minha existencia, eu pude conferir
Eu consegui chegar até onde muitos falharam
Ainda pretendo ultrapassar o limite máximo
Sei o que é bom e o que é ruim pra mim, aprendi
Na malandragem vivi
Soube entrar, soube sair
Eu vi que a vide é mais que uma doideira, é...
Várias carreiras, bebida a noite inteira
Eu encontrei minha paz bem longe disso tudo
Comecei a ver o mundo de outro jeito
Longe do pó que me controlava
Longe dos flagrantes que antes eu carregava
A vida é um jogo, sobreviver é uma vitória, é...
Quem apostava no meu fim se deu mal
Agora eu tô legal, inteiro, ligeiro
ALX, ACDN, meus parceiros
Eu faço o meu caminho controlo a minha mente, é...
Propagandas enganosas não me deixam mais doente
De pés no chão, cabeça feita, então
Meu passado errado me traz uma lição
Um cano na mão só traz confusão
Farinha me deixa no osso, enriquecendo o outro, é...
Ainda é tempo meu irmão, mude sua vida também
Resgate um pouco do orgulho que o pobre tem
Eu tô ligado é cada um na sua
Um carro bem louco, grana no bolso é bom pra caramba, é...
É o seu sonho então
Também tive essa visão
Sem liberdade isso tudo se torna ilusão...

Periferia ! Onde quer que seja é tudo igual
Violencia, homicidio é banal
Periferia ! O sangue escorre entre becos e viélas
E minha inspiração vem de dentro dela...
(BIS)

Periferia !
Se chove, falta energia
Se faz sol, não tem água nem pra beber
A expressão sofrida no rosto de cada um
Demonstra a violencia que o governo nos causa
Acredito em paz ? Não sei...
O que é paz ? Não sei...É,
Resuma pra mim AC, resuma pra mim...(Vou resumir...)
Vejo sangue, tiro, treta, tristeza
Das lembranças dos amigos falecidos de infância
Soltava pipa, jogava futebol
Polícia e ladrão era a nossa diversão
Hoje em dia não que decepção, nada igual
Viagem na pedra, espaço sideral
À noite é só correria, vão "pipar" durante o dia
Deixaram pai e mãe pra trás e não voltaram mais
Se chegarem aos dezoito é muita sorte ou milagre
Não é pra qualquer um, quem é daqui sabe
São poucos que se recuperam, na vida se acertam
Deixaram as drogas pra tás, a violencia pra trás
Pedra e pó não será meu erro
Não quero ser um presunto com uma azeitona no peito
Olhe bem, veja bem, olhe bem pra você
Me imagino no seu lugar, como deve ser
A agonia, o desespero de cachimbar
Esperando a vacilada de uma goma pra roubar

Periferia ! Onde quer que seja é tudo igual
Violencia, homicidio é banal
Periferia ! O sangue escorre entre becos e viélas
E minha inspiração vem de dentro dela...
(BIS)

Sua vida é sua vida não o obrigo a nada
Me ouça se quiser, faça isso se quiser
Cada um com sua razão não é...?
Pelo menos a minha até agora me manteve em pé
Eu sou das ruas, eu sei como é que, certo ?
Cidade Kemel, Ferraz de Vasconcellos
Gente pobre e humilhada pelo patrão sem dó
Outros ganham a vida vendendo pedra e pó
A cadeia tá cheia, mas sempre cabe mais um
Rotulado, carimbado, tá ferrado
Sua liberdade acaba assim: "Mãos pro alto, vagabumdo !"
Dando flagrante em você, passando as algemas nos punhos
Julgado por um juri fardado
Dentro de um carro chamado de Camburão
Sem defesa, testemunha, sem droga nenhuma, é
Apenas acusação !
Condenado a estreiar o revolver tomado de um otário
Que provavelmente por eles foi apagado
Você tá ligado ? Já chegam armados
Empurrando todo mundo, arrombando os barracos
Enchem de medo nossos filhos e com razão
Devemos nos proteger da proteção, meu irmão
Olhe pro nosso mundo, onde estamos
O que nos sobrou e nossos filhos, como serão...?
Tomara que não sejam dependentes químicos
Que não procurem o sucesso na vida do crime
Um pequeno vacilo, um pequeno erro
Você vai subir mais cedo...

Periferia ! Onde quer que seja é tudo igual
Violencia, homicidio é banal
Periferia ! O sangue escorre entre becos e viélas
E minha inspiração vem de dentro dela...
(BIS)